O Fantasma da Ópera, lançado em 1910, debate vários aspectos sociais e hoje vamos conversar sobre a metáfora da escolha a partir do triângulo amoroso
Em
2005, o musical O Fantasma da Ópera fez um grande sucesso nos palcos brasileiros
e no dia 01 de agosto de 2018, as cortinas se abriram novamente para a história
de Christine, Erik e Raoul.
Para
quem não sabe, O Fantasma da Ópera conta a história de um misterioso fantasma
que mora no Palais Garnier - a principal casa de ópera de Paris -, também
conhecido como “anjo da música” que guia a jovem Christine Daaé a cantar melhor
e ir além de uma bailarina nas peças. Em seu momento de destaque, Christine
revê Raoul, uma antiga paixão de infância, provocando a ira do fantasma e
revelando mistérios do passado.
A obra
tem diversas interpretações e discussões até os dias de hoje, envolvendo
principalmente o protagonista - o Fantasma -, seu relacionamento com Christine
e o triângulo amoroso ao redor de toda a história.
Na
primeira vez que assisti ao filme O Fantasma da Ópera (versão de 2004), eu
acreditava que era um musical que focava nos problemas do fantasma Erik e o
triângulo amoroso trágico que está presente desde o começo do filme, mas ao
assistir novamente comecei a ter outra visão da história, principalmente do
triângulo, não focando tanto no romance, mas sim na autodescoberta da Christine
e nos seus embates internos.
A
protagonista era filha de um renomado violoncelista e desde muito nova teve a
música presente em sua vida, pois retomava a paixão do pai e a sua ligação com
ele. Quando está prestes a falecer, o pai diz que Christine terá um anjo da
música que irá protege-la e a única pessoa que teve essa relação de proteção
com ela foi o pai, isso faz com que, no momento em que o fantasma Erik começa a
conversar com ela e treiná-la, ela retoma o sentimento de proteção e uma
aparente aproximidade com o pai, já que a música era vínculo muito forte entre
eles.
Além
disso, o Fantasma é a personificação da música, da arte. Isso deixa transparecer
em várias cenas, mas principalmente entre as músicas Phantom of Opera e The
Music of the night.
-
Christine -
“Eu
sou a máscara que você usa...
-
Fantasma -
Sou eu
quem eles ouvem...”
(Trecho
da música Phantom of Opera)
"Suavemente,
primorosamente a musica vai acariciá-la
Ouça-a,
sinta-a, secretamente possuindo você
Abra
sua mente, liberte as suas fantasias!"
"Só
assim você poderá pertencer a mim"
"Deixe
o sonho começar, deixe que o seu lado sombrio seja vencido
Pelo
poder da música que eu componho
Pelo
poder da música da noite
Somente
você
Pode
fazer com que a minha canção alce voo
Ajude-me
a fazer a musica da noite"
(Trechos retirados de The Music of the Night)
Isto
é, Erik é a própria arte e é necessário de uma artista (no caso, a Christine)
que o escute para propagar a arte, a si mesmo, já que a sociedade não o aceita
pela sua aparência exterior. Isso faz com que o Erik seja o lado artístico da
Christine, da escolha da arte, de continuar cantando e vivendo da música, assim
como o pai.
Em
contrapartida, temos Raoul, que também remete a infância e, consequentemente,
ao seu pai. Ele foi uma paixão de infância de Christine e no primeiro momento
ele não a reconhece, apenas depois de sua apresentação musical (Think of me)
que ele se encanta ao vê-la. No contexto, Raoul seria o lado mais emocional da
Christine, que foi representado a partir do amor, e a fuga da vida artística,
vivendo no conformismo proposto pelo “herói”, como fica bem representado na
música All I ask of you.
“Eu estou aqui, nada pode te ferir
Minhas palavras irão te aquecer e te acalmar
Deixe-me ser sua liberdade
Deixa a luz do dia secar suas lágrimas
Eu estou aqui, com você, ao seu lado
Pra te guardar e te guiar”
(Trecho de All I ask of
you)
Ou
seja, o triângulo amoroso representa o debate interno da Christine em continuar
com a música ou fugir da vida artística e viver no conformismo. No decorrer da
história, vemos que muitas de suas escolhas são feitas a partir do passado
voltado ao seu pai e na cena do cemitério, ao ver o túmulo de seu pai e
conversar com ele, é um momento que a personagem se desprende de suas escolhas
baseadas em seu pai e decide começar a viver no presente, olhando para o
futuro.
Assim
como Christine, nós estamos sempre lidando com escolhas e dilemas que podem
mudar a nossa vida e muitas vezes buscamos escolher a mais confortável e aquela
que nos prende a algo ou alguém que foi bom no passado, mas precisamos viver no
presente, realizando escolhas que sejam a melhor para o agora e, quem sabe,
para o amanhã.
Não há
um certo ou errado (ou seja, as discussões da escolha da Christine serão
eternamente discutidas), as escolhas são pessoais porque ninguém sabe o que
realmente somos a não ser nós mesmos.
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